sábado, 26 de maio de 2012

É dia de trabalhar!



Chegamos de todos os cantos, a pé, de braços dados pelo campo de futebol improvisado, de terra batida, pela lateral da escola. O dia é importante. É dia de nos reunirmos para debater um tema muito importante: a mulher no mercado de trabalho.

O movimento feminista trouxe muitos avanços para a emancipação feminina, principalmente por sua reivindicação ao direito de exercer funções públicas, além da esfera privada ao qual estavam relegadas. A independência financeira é o pilar da liberdade construída nesses anos e anos de luta. Para nós, meninas-futuras-trabalhadoras, é muito importante sabermos qual o é o panorama social trabalhista e as condições de inserção da mulher no mercado de trabalho.

 

Sobre o vídeo “Mulheres Invisíveis” que assistimos hoje, debatemos sobre a desvalorização da mão-de-obra feminina no mercado de trabalho e suas causas. Mulheres que desempenham um papel importantíssimo na construção da sociedade mas que ganham salário inferiores, acumulam dupla jornada de trabalho, recebem menos incentivos – sintoma paradoxal, já que as estatísticas demonstram uma grande profissionalização.



Em “Vida Maria”, animação brasileira produzida por Márcio Ramos, o universo feminino é mostrado em suas peculiaridades, num singelo ciclo de existência. É a aridez do sertão, em sua perpetuação da dor e o contraste da imensidão do céu. O pedido de benção e a proibição de desenhar nomes... O debate posterior levantou questões interessantes: que destino é esse imposto a todas nós, mulheres? Que sistema desigual é esse que nos relega a uma sina tão desigual?

Com licença poética
Adélia Prado

Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo.  Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
— dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.

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